Para sua leitura e reflexão apresentamos o Capítulo 1 do livro ‘INTUIÇÃO– VIDA MELHOR’, intitulado ‘VISITA AO JARDIM DA INTUIÇÃO’. Completo e com todos os subcapítulos em conjunto. Aprecie!
Capítulo 1
VISITA AO JARDIM DA INTUIÇÃO
No índice abaixo, para ir direto a algum dos subcapítulos, basta clicar no título.
Índice do capítulo 1
VISITA AO JARDIM DA INTUIÇÃO
1.1 ALINHAMENTO SOBRE O PROCESSO INTUITIVO
1.2 A intuição acontece apenas para alguns?
1.3 O Que é Intuição?
1.4 Quando usar a Intuição ou a Razão?
1.5 Diferentes Formas de Inteligência – Como usá-las?
1.6 Conceitos sobre a Intuição: Perspectivas e Nuances!
(Perspectivas: do Artista | do Filósofo | do Psicólogo | do Neurocientista | do Espiritualista | do Esportista | do Administrador | do Gênio)
1.7 O que é Inteligência Intuitiva?
1.8 Como o Saber Intuitivo se manifesta?
1.1 ALINHAMENTO SOBRE O PROCESSO INTUITIVO
Que tal um alinhamento sobre o processo intuitivo?
Quando nos referimos ao tema intuição, várias abordagens podem ser consideradas; várias delas serão visitadas no decorrer deste livro.
Como ponto de partida, proponho um alinhamento com você, leitora e leitor, quanto ao entendimento do processo intuitivo, como sendo aquele que ocorre quando a pessoa tem percepções (insights), visões, pressentimentos ou conhecimentos que se revelam espontaneamente, e de forma direta, sem o uso do raciocínio e sem o conhecimento de onde essas informações se originam, ou por que elas nos são reveladas.
De início, convido-os a considerar dois aspectos básicos de manifestação da intuição: ao manifestar-se, a intuição ajuda-nos a captar algum tipo de informação armazenada internamente; uma segunda forma de manifestação, também comum no processo intuitivo, ocorre ao captarmos a informação de alguma fonte externa.
No primeiro caso, o processo intuitivo propicia a “pesca” ou acesso a informações que já existem internamente e podem estar “esquecidas” na consciência, ou “adormecidas” em outros níveis, como o subconsciente, ou mesmo nas camadas mais profundas do inconsciente. No segundo caso, o processo intuitivo possibilita-nos acessar informações que são captadas de fontes externas.
Em raras circunstâncias, saberemos de onde se originaram. A meu ver, quando o processo intuitivo ocorre, a nossa atenção não deve se voltar à questão da origem, mas no sentido de nos prepararmos da melhor maneira possível para lidar com o que foi intuído e, então, dispor do que está sendo captado e apresentado da maneira mais benéfica a cada um. Sobre isso, várias sugestões serão compartilhadas no decorrer destas páginas.
Gostaria, assim, de convidá-los a uma jornada pelos temas apresentados de forma apreciativa, a fim de identificar e apreender o que toca a sua alma.
1.2 A INTUIÇÃO ACONTECE APENAS PARA ALGUNS?
Algumas pessoas têm maior abertura em relação à intuição, devido às suas maneiras de ser e de viver, enquanto outras, por meio de determinadas atitudes mentais ou posturas intelectuais mais enrijecidas, acabam por bloquear ou ignorar a intuição. Não é que a intuição não suceda para essas pessoas, mas alguns, muitas vezes inconscientemente, por falta de práticas mais regulares de flexibilização mental e intelectual, fecham a porta para a manifestação intuitiva.
A questão a ser proposta pela própria pessoa é: quero abrir a porta da intuição em minha vida?
As intuições se manifestam e fluem naturalmente, mas as portas que nos conduzem a trilhas e caminhos de jardins, hortas ou pomares, com aromas ou nutrientes que ajudam na manifestação da intuição, não se abrem sozinhas. Para abri-las, há algumas chaves. Existem várias, algumas das quais são lembradas, a você, neste livro. Essas chaves não estão escondidas, nem distantes. A maior parte já está com as próprias pessoas, embora ainda não tenham sido identificadas, isso é fato; muitas delas estão à disposição para serem usadas. Basta usá-las, e as portas se abrirão naturalmente.
Pode-se dizer que a intuição “fala” conosco quando algo precisa ser comunicado. O aspecto a ser considerado é: nem todos “escutam”. Não creio na situação: “a intuição acontece para alguns e não para outros”; penso que a questão é: por que alguns a percebem e outros não? “A intuição é a percepção clara e imediata de pensamentos sem intervenção do raciocínio, seja na forma de expressão de palavras, de imagens, de sons ou de qualquer forma de ‘mensagem’ que se possa captar sem se aperceber de onde veio.”
Uma vez entendido isso, e observarmos com atenção, todos nós, em algum momento da nossa existência vivenciamos algumas dessas formas de expressão da intuição. Em essência, todos fomos, somos e seremos intuídos em nossas vidas.
A intuição é um instrumento disponível para todos, constituindo-se em um atributo natural do ser humano. A questão de ser ou não “percebida” é algo que depende do grau de sensibilidade, observação e contexto em que cada um se encontra. Ela se manifesta de diferentes maneiras e com diferentes propósitos.
De um lado está a fonte emissora da mensagem. De outro, o receptor que capta a mensagem, ou seja, aquele que é “intuído”. A fonte emissora pode ser externa ou interna. Quando a fonte interna é a consciência profunda do próprio ser, o que a intuição faz, nesses casos, é buscar “informações” que estavam guardadas ou “esquecidas” em um nível profundo de consciência, e levá-las a um nível de consciência normal. Quando a fonte é externa, o processo intuitivo é similar, com a diferença de que a “captação” se dá a partir de fontes externas.
O que faz o processo intuitivo ser acionado, tanto no nível interno quanto no externo, é um mistério que ainda não somos capazes de entender completamente. Mas alguns aspectos podem ser percebidos. Um deles, que parece fundamental, é o da sintonia. De alguma forma tem que haver sintonia entre a fonte emissora e o receptor, ou seja, mensagens e conhecimentos diretos, que não passam pelo raciocínio, só são captados porque o receptor está sintonizando com aquele nível de conhecimento, ou tem alguma relação com o propósito da mensagem, mesmo que a pessoa, racionalmente, não perceba nem saiba como essa sintonia é estabelecida.
Outro aspecto relacionado à sintonia, mas que merece ser considerado separadamente, é o nível de consciência praticado pelo receptor. Alguém imerso em um estudo profundo sobre um tema terá mais facilidade em captar informações que alguém sem consciência alguma do tema. A “energia do conhecimento” pode viajar pelo ar e, teoricamente, estar disponível a qualquer um que se sintonize com ela, mas só quem está imerso no tema será capaz de sincronizar-se com o que está sendo disponibilizado. Isso pode ser facilmente percebido em cientistas, que se permitem ir além do entendimento preestabelecido; artistas de diversas áreas que se permitem ir além das técnicas e métodos, deixando fluir a sua sensibilidade, expressando-se sem temores; e espiritualistas, que conseguem experimentar a essência do conhecimento que professam em práticas mais profundas. São casos de pessoas que, de alguma forma, expandem as suas consciências além do convencional.
Na prática, o processo intuitivo ocorre com todo mundo. Não se engane ao pensar que a intuição só se manifesta quando há aspectos “grandiosos” a serem “comunicados”, ou pelo fato da comunicação ser feita por meio da intuição, ela se apresente diferentemente de tudo o que existe. Assim como usamos a razão para aspectos simples de nossas vidas, o mesmo se dá com a intuição, que pode se manifestar em momentos corriqueiros de nossas vidas.
Um aspecto a entender é que não basta captar a energia do conhecimento, tem que haver a sua tradução íntima para existir sintonia, entendimento e utilidade, por isso os níveis de relação com o tema e o seu aprofundamento são relevantes. Alguém de muita fé pode ser capaz de sintonizar-se com fontes que um materialista não conseguiria nem mesmo considerar ou acatar em sua intimidade. Alguém que não esteja imerso nas artes ou Ciência não é capaz de sintonizar-se com esses universos, menos ainda de interpretar o que é comunicado.
A intuição se manifesta quando há algo a ser comunicado e se faz na “língua” que cada um está apto a entender. Mesmo assim, é importante considerar que, ainda que haja “comunicação”, ela pode ser totalmente ignorada em meio ao excesso de pensamentos, preocupações, emoções, focos individuais, atitudes mentais desvinculadas de paz e harmonia interior, as quais se refletem na mente como “ruídos” que impedem a percepção natural se houvesse a paz interior ou um estado de harmonia.
Sintetizando, o que observamos é que pessoas que trabalham mais o seu lado interior ou o lado artístico, ou têm relação profunda com algumas áreas do conhecimento e permitem a manifestação da subjetividade em suas vidas, desenvolvem o uso da intuição de modo mais frequente. Quanto mais autoconhecimento é praticado, mais elevado será o nível de consciência, mais clara a percepção e mais límpido o canal da sensibilidade intuitiva. E, naturalmente, a intuição se fará notar.
1.3 O QUE É INTUIÇÃO?
Em essência, podemos dizer que a intuição é uma forma de expressão da nossa inteligência.
A intuição constitui um atributo inato do ser humano e pode ser vista como uma capacidade, um instrumento, uma característica, uma habilidade, uma faculdade ou um atributo que nos habilita a processar percepções de maneira inconsciente, traduzindo-as para nós de forma concisa, fazendo-as transparecer por meio de informações que compõem a nossa realidade. Essas informações que recebemos, sem termos consciência de como se manifestam, ou de onde surgem, podem ser entendidas como as intuições que experimentamos.
As intuições podem ser manifestadas por diversos meios, dentre eles podemos relacionar: pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, insights, ideias, inspirações, concepções, entendimentos, compreensões, impressões, vislumbres, imagens, símbolos, sinais, cenas, lampejos, brilhos, pressentimentos ou presságios.
As intuições que experimentamos podem ser entendidas como traduções de percepções captadas. Algumas vezes podem ser muito claras e fáceis de serem percebidas, outras podem ser mais enigmáticas, podendo ou não, ser interpretadas em momento oportuno.
Várias são as denominações relacionadas à intuição: saber intuitivo, inteligência intuitiva, sensibilidade intuitiva, capacidade de intuir ou simplesmente intuição.
O entendimento da intuição como uma expressão da inteligência pode se relacionar com uma outra forma de expressão da inteligência, mais habitual e próxima do nosso entendimento, a razão; esta constitui a expressão de inteligência mais usada e avançada que experimentamos no nosso atual estágio de evolução. Cabe observar que a intuição não se restringe ao tempo, momento ou contexto em que a razão se situa.
Outra relação que podemos fazer em relação às características que todos os seres humanos possuem, diz respeito ao instinto, que constitui uma forma primitiva básica de inteligência existente em todos os animais, inclusive nos seres humanos.
Assim, numa primeira visita ao jardim da intuição, dentre as várias apresentadas no decorrer deste livro, compartilho a percepção da intuição como sendo uma forma de expressão de nossa inteligência, que nos proporciona conhecimento, sentimentos (feelings), percepções (insights), ideias, visões, pressentimentos, entendimento, esclarecimento, aprendizagem e outras aquisições de forma direta, sem fazermos uso do raciocínio.
1.4 QUANDO USAR A INTUIÇÃO OU A RAZÃO?
Basicamente, como resultado do uso da intuição, pode-se dizer que temos as intuições, pensamentos intuitivos, visionamentos intuitivos ou ainda reflexões intuitivas, enquanto racionalmente podemos dizer que temos os pensamentos lógicos ou racionais, visionamentos racionais ou ainda reflexões lógicas ou racionais.
Quando usamos a razão, fazemos uso de referências, conceitos e aprendizagens de forma racional, e isso envolve um relativo esforço no ato de “buscar” o conhecimento, de pensar e da construção do raciocínio, no sentido de entender, aprender e construir nossas ideias, entendimentos ou aprendizagens; enquanto o processo intuitivo se caracteriza pelo ato de pensar e obter ideias, percepções, insights, ou aprendizagens de forma direta e sem fazer esforço.
A abordagem da intuição apresentada no decorrer destas páginas é uma abordagem nascida da aprendizagem e do amadurecimento que se faz cada vez mais presente em minha jornada de vida: o melhor uso que podemos fazer da intuição é quando ela atua em harmonia com a razão, e, indo além, quando permitimos sua manifestação e livre expressão em harmonia, não só com a razão, mas com todas as nossas potencialidades adquiridas e desenvolvidas em nossas jornadas de vida. Aqui há um alerta que merece consideração: uma armadilha que surge para muitos é o questionamento: usar a razão ou a intuição?
Devemos usá-las em conjunto, sempre! E não só elas, mas também devemos fazer o seu uso conjunto com as outras potencialidades da alma. Não usar uma ou outra isoladamente, mas o uso conjunto, em harmonia. É neste sentido que, espero, se dê a sua jornada pelo jardim da intuição durante essa leitura.
1.5 DIFERENTES FORMAS DE INTELIGÊNCIA – COMO USÁ-LAS?
Todas as formas de inteligências pessoais[0] são tipos de inteligência que não podem nem devem ser reprimidas ou descartadas! O quanto soubermos usá-las em conjunto, e de modo integrado, é que refletirá nosso nível de inteligência individual.
O uso conjunto de todas as formas de inteligência é o caminho natural a ser percorrido por todos nós; e mais: o uso conjunto de todas as inteligências individuais usadas com focos comuns, coletivamente, reflete o nível de inteligência da humanidade.
Quando as inteligências individuais são usadas de forma egoísta, a vida social e o meio ambiente do planeta são relegados a plano secundário; com isso, as possibilidades de prejuízos aumentam, tanto sociais quanto ambientais.
Penso que as múltiplas formas de inteligência pessoal, apresentadas e desenvolvidas por Gardner[1] (década de 1980), e as várias combinações de capacidades e aptidões que comporiam a inteligência, apresentadas por Guilford[2](década de 1970), assim como a intuição, a razão, o instinto e outras formas de expressão de inteligência, não podem (nem devem) ser descartadas!
Não utilizá-las é uma escolha, mas constitui um desperdício; usá-las em conjunto, e coletivamente, reflete um mais alto nível de inteligência.
Assim, intuitivamente a resposta à pergunta "como usar os diferentes tipos de inteligência que possuímos", é: devemos usá-las em conjunto, de forma harmoniosa e natural.
[0] Exemplos de inteligências pessoais: além da classificação dos nove tipos de inteligência apresentados por Gardner[1], que são: Inteligência lógico-matemática, Inteligência linguística, Inteligência musical, Inteligência espacial, Inteligência corporal-cinestésica, Inteligência intrapessoal, Inteligência interpessoal, Inteligência naturalista, Inteligência existencial, podemos pensar em várias outras formas de classificações, entre as quais, a inteligência espiritual, a inteligência emocional, a inteligência intuitiva, a inteligência racional e a inteligência instintiva.
[1] Howard Gardner, psicólogo e professor da Universidade de Harvard, introduziu o conceito de múltiplas inteligências (1983) em seu livro Estruturas da Mente.
[2] Joy Paul Guilford (7 mar. 1897 a 26 nov. 1987) psicólogo americano lembrado por seu estudo psicométrico da inteligência humana, e que conceituava a inteligência como sendo resultante da combinação de três dimensões: uma com cinco operações (cognição, memória, avaliação, produção divergente e produção convergente); outra com seis produtos (unidades, classes, relações, sistemas, transformações e implicações); e a terceira com quatro conteúdos (figural, simbólico, semântico e comportamental). Combinando essas três dimensões propostas (5x6x4), alcança-se as 120 capacidades ou aptidões que formam a inteligência, de acordo com seus estudos.
1.6 CONCEITOS SOBRE A INTUIÇÃO: PERSPECTIVAS E NUANCES!
Ângulos, perspectivas e nuances de beleza própria são características que diferenciam as formas como percebemos a intuição.
A intuição pode manifestar-se sob diversos ângulos e, conforme a perspectiva, pode-se descrevê-la de um jeito ou de outro. Tudo depende da perspectiva. O interessante é que nenhuma das conceituações sobre a intuição, por si só, será completa e definitiva. Ao mesmo tempo, cada uma das perspectivas revela uma face que apresenta nuances de beleza própria e que vale ser apreciada.
O fato é que a intuição constitui um atributo, que faz parte de nossas vidas, haja ou não reconhecimento sobre esse fato. O proposto, a seguir, é um breve passeio por algumas facetas da intuição percebendo-se certas peculiaridades.
Podemos percebê-la como sendo reconhecida por meio de facetas variadas, seja como uma habilidade inata do ser humano, ou também como uma propriedade, uma capacidade ou um talento desenvolvidos e intensificados com a prática; em simples momentos de manifestação da sensibilidade humana ou em momentos de criação artística ou insights científicos.
Há facetas da intuição facilmente encontradas dependendo do contexto de vida da pessoa e conforme seus campos de atuação. Conforme a perspectiva, a faceta será visível. Cada uma delas apresenta características facilmente percebidas por quem navega em determinado universo. Vejamos alguns casos:
O artista
Os grandes artistas, sejam compositores, instrumentistas, bailarinos, pintores, desenhistas, escritores ou outros representantes do universo artístico, manifestam a sensibilidade intuitiva por meio de expressões criativas.
Os artistas, em sua maioria, naturalmente têm a tendência de utilizar o canal da criatividade e manifestam a intuição por meio da abertura da sensibilidade criativa.
O resultado da aliança da intuição às manifestações artísticas pode traduzir-se em momentos magistrais num palco, traços e cores que emocionam numa tela, frases que nos levam a universos que despertam alto grau de sensibilidade, sons que nos conduzem além do tempo, músicas que encantam e parecem penetrar nossas células.
Normalmente, quando a intuição se manifesta em conjunto com a técnica e com o talento, dando vazão à inspiração e à sensibilidade, o que observamos são performances que elevam nosso espírito a outras dimensões, levando-nos a transcender nosso nível de consciência habitual. O mundo das artes é um palco em que a intuição trafega com muita naturalidade e frequência.
O interessante é que isso não fica restrito ao autor das obras. A manifestação nascida da sensibilidade intuitiva continua viva nas telas, nas músicas, nas frases, nos sons, nas performances ou nas diferentes formas de expressão usadas, conectando-nos com outros padrões de energia em que nossa mente se preenche completamente a ponto de parecer transbordar. O interessante é que junto dessa sensação de preenchimento e transbordamento, também experimentamos a leveza.
O filósofo
Ao estudar os grandes filósofos, como Sócrates e Platão, e vários outros que vieram antes ou depois deles, podemos perceber que eles trataram da intuição sob o prisma do saber, inspirando-nos a refletir como o conhecimento pode e deve ser usado nas nossas vidas, conectando-nos a valores humanos e espirituais genuínos.
Muitas das questões existenciais presentes em nossa sociedade derivam desde o tempo dos grandes filósofos gregos, que nos inspiram ainda hoje a aprofundar reflexões. Fundamentalmente, podemos dizer que sob o prisma da filosofia, a abordagem da intuição se dá por meio de sutis reflexões sobre o conhecimento que transcendem o plano intelectual, abordando e vislumbrando aspectos existenciais presentes em várias culturas e épocas distintas da história humana.
Quem aprecia a Filosofia, e consegue mergulhar na essência deixada por boa parte dos filósofos, mais se aproxima da fonte geradora dessa essência. Quanto mais adentramos essa jornada e mais nos sentimos navegantes em direção às fontes do conhecimento e dos saberes, tanto mais nos afastamos da índole intelectualista.
Essa jornada, quando conduzida sem os impulsos do egoísmo e do orgulho, não raro, nos conduzem ao frescor da espiritualidade serena e da religiosidade espontânea, da vitalidade da ética e da iluminação da verdade, das fontes originais das crenças e do amor.
Tal jornada nos possibilita apreciar as aprendizagens do caminho e ter relances da sutileza, beleza e sabedoria que a intuição nos proporciona.
Adentrar aspectos do conhecimento e do autoconhecimento com sensibilidade intuitiva, nos conduzem a momentos de admiração, simplicidade, descobertas e realizações, gerando desdobramentos sutis em nossas vidas, mesmo que sob o prisma intelectual isso nem sempre seja percebido. Para tal, o amor ao saber deve prevalecer e isso se reflete na relação da pessoa com o conhecimento por meio da apreciação, amor e respeito.
O oposto disso bloqueia o canal da sensibilidade intuitiva e acontece quando a relação com o conhecimento é traduzida por posturas de superioridade e arrogância, que mais lembram um “carcereiro” do conhecimento. Isso se reflete em atitudes quando a pessoa se considera “dona” do conhecimento.
O apreciador do saber se relaciona com o conhecimento por meio de atitudes de amor e respeito, e nunca como “dono do conhecimento”. Dessa forma, seu canal da intuição é aberto naturalmente. Já o “carcereiro” do conhecimento bloqueará esse canal, erguendo barreiras por meio de sua própria atitude mental e, inconscientemente, barrando o fluxo do saber intuitivo podendo se tornar um erudito com muito conhecimento, mas com pouca sabedoria.
O psicólogo
Uma outra perspectiva é a de quem navega no universo da Psicologia, que em essência é o estudo da psique, ou seja, da alma humana. Quem empreende essa jornada enxerga a intuição sob o prisma das atitudes mentais e das características de personalidade.
Jung, ícone no universo da Psicologia, disse: “o termo intuição não denota algo contrário à razão, mas sim algo que se situa fora do domínio da razão”.
O neurocientista
Dentro da perspectiva dos neurocientistas, os processos químicos são o foco do estudo. Nessa área, mais que uma perspectiva sobre a intuição, o que mais tem sido estudado são os processos e os efeitos da ocorrência da intuição no cérebro humano.
Os neurocientistas, juntamente com os geriatras, têm importante papel para milhões de pessoas, que com o aumento na expectativa de vida e com o avançar da idade, enfrentam ou irão enfrentar déficits cognitivos.[1] Esses profissionais de saúde, por meio de suas percepções intuitivas agregadas às suas pesquisas e estudos, podem canalizar novas descobertas, ampliar o que é conhecido sobre o tema e ajudar a transformar a realidade de milhões em nosso planeta.
O espiritualista
A espiritualidade só é verdadeira se a simplicidade, a serenidade e a espontaneidade estiverem presentes. Quando observamos os diversos exemplos de ícones espirituais, verdadeiros casos de elevação espiritual, nas várias tradições religiosas, o que vemos são exemplos vivos de valores e virtudes que transcendem as dimensões de religiões ou doutrinas às quais possam estar vinculados. Em geral, tais exemplos são relacionados ao altruísmo e às atitudes de servirem a outros. Esses exemplos inspiram o desapego material e a espiritualidade espontânea. Tais posturas têm papel marcante na forma como eles estabeleceram conexões com Deus, e com as pessoas beneficiadas por meio de suas ações.
Podemos dizer que as intuições desses espíritos elevados se originavam das fontes as mais autênticas e seus canais intuitivos eram, em muito, desbloqueados pela fé que tinham, mas também pela autenticidade verificada entre o que falavam e o que faziam. O fato é que os exemplos de espiritualistas do mais alto nível e dedicação às suas missões de vida mostraram um aspecto muito particular da intuição, que é o fato de a intuição ser uma faculdade espiritual.
Em relação à intuição, ao observarmos várias linhas espirituais, nas suas relações com a população em geral, seja incentivando as orações, as práticas da meditação ou da reflexão profunda, o foco converge naturalmente para a elevação e para a expansão do nível de consciência, o que, por sinal, deveria ser o objetivo natural, não apenas de espiritualistas, mas de todos aqueles que buscam a evolução como seres humanos.
O fato é que, até pouco tempo atrás, essa era a meta do dia a dia apenas de iogues, monges e espiritualistas de diversas linhas e tradições filosóficas e religiosas. Hoje em dia, essa realidade começa a fazer parte da vida de muitas pessoas nas mais diversas áreas.
O esportista
Na perspectiva de esportistas de alta performance, facilmente temos exemplos de atletas intuitivos diferenciados, cujas ‘soluções criativas‘ vão além da técnica perfeita e do imenso talento. Seja no futebol, com a escolha de uma jogada totalmente inesperada, ou no futebol americano, num passe ou numa corrida que surpreende, ou no voleibol, quando uma levantadora faz um levantamento impensável, ou quando uma atacante faz uma deixadinha. Também observamos o mesmo em vários outros esportes como basquete, tênis, natação ou atletismo, nos quais a intuição pode conduzir a atitudes altamente criativas, que aliadas ao talento e à técnica fazem a diferença.
Os atletas intuitivos de alta performance, além do talento e do domínio completo da técnica em seus esportes, parecem superar-se realizando coisas impossíveis de serem planejadas ou pensadas com antecedência. Eles “percebem” o momento e a chance e, simplesmente, fazem o inesperado.
Já os técnicos intuitivos percebem “aquele” diferencial que parece ser captado apenas por eles, seja uma substituição, uma mudança de tática ou uma dica que ele “sente” que é preciso passar a algum atleta de sua equipe.
Também podem ocorrer insights que os inspiram a levar seus atletas a experimentarem contextos completamente fora do que estão habituados – antes de uma decisão, por exemplo; e o resultado mostra que aquela “experiência” atua como um elevador ou uma chave, que parece levar o atleta ou a equipe a transcender o seu próprio nível.
O administrador
Na perspectiva do administrador, a questão da percepção é fundamental. A diferença entre a formalidade, o declarado e o que verdadeiramente flui no seio de uma organização é muito grande, e o bom gestor sabe disso. Sutilezas fluem por meio dos projetos, dos objetivos, das relações entre os funcionários ou entre as áreas, relações com consumidores e acionistas, com pessoal interno e com clientes, provedores e beneficiários de serviços, ou seja, todos que interagem com a organização.
A presença da intuição nesse universo tem sido cada vez mais buscada, por meio de cursos, workshops ou vivências em que alguns gestores incentivam seus colaboradores a tomar parte. No fundo, o que se busca é o fortalecimento da percepção e de competências como a sensibilidade, a liderança, a capacidade de trabalho em grupo, a empatia, a sensação de time, a visão fora dos padrões, a criatividade, a inovação, a administração de conflitos e outros aspectos sutis, e que funcionam como combustível, preenchendo os processos da organização com mais qualidade e vitalidade no seu dia a dia.
Em algumas organizações, o clima e a cultura organizacionais estão tão arraigados a velhos procedimentos e fundamentados em uma visão “pragmática”, que quando alguns gestores propõem trabalhos no nível subjetivo, como participar de workshops que trabalhem esses temas, os focos de resistência emergem do próprio corpo funcional, com críticas e posturas de rejeição a qualquer tipo de mudança ou aprofundamento de competências humanas. Aí entra a postura do gestor, que percebe a importância da intuição. Ele não pode sucumbir às visões reacionárias de alguns e abandonar propostas de renovação e arejamento em suas áreas de atuação. Nesses casos, o ideal não é organizar eventos de presença compulsória, mas abrir convite com número limitado de participantes, e somente para os interessados em participar. De nada adianta obrigar pessoas a participarem, se elas se opõem e consideram essas ações uma perda de tempo.
Ao mesmo tempo, observa-se o aumento no número de empresas que fogem do convencional e criam práticas que estimulam a criatividade e a imaginação. Essas práticas são variadas e geralmente abrem espaço para a autonomia dos funcionários, pelos menos em parte de suas atividades de trabalho.
O gênio
Normalmente aqueles considerados “gênios” fazem uso da intuição por meio de flashes e insights. Mostrando algo que eles enxergam como solução ou o meio de explicar o que antes não conseguiam ou acionando um conhecimento que não seria considerado “genial” se ficasse restrito apenas aos limites da racionalidade que permeia a época e a sociedade em que vive.
O que faz uma pessoa superdotada atingir o patamar de “gênio” é a abertura e aceitação desses “flashes” ou “insights” que, em verdade, são percepções intuitivas. Nenhum deles teria atingido o nível de genialidade que atingiram se tivessem ficado restritos ao conhecimento cognitivo que possuíam e, também, não conseguiriam fazer uso, entendendo suas manifestações intuitivas, se não possuíssem o alto grau de conhecimento técnico ou científico de que dispunham.
Ou seja, se eles não conseguissem combinar a intuição e a razão, cada um a seu modo, muito provavelmente nunca teriam dado o salto que os levou a serem considerados gênios.
Por meio de insights combinados com um alto grau de conhecimento é que Leonardo da Vinci (século XIV), considerado o maior gênio do último milênio, nos brindou com um acervo de ideias geniais em inúmeros campos do conhecimento.[2]
Também por meio de insights e abertura das portas da imaginação, um dos mais marcantes gênios do século XX, Albert Einstein, uniu todo o conhecimento com insights, que se mostraram altamente eficazes redundando nas teorias que revolucionaram o mundo científico moderno.[3]
[1] No Brasil, cerca de 21,9% das pessoas com idade acima de 65 anos têm algum grau de demência (Fonte: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-18042007-110300/pt-br.php>).
[2] Até hoje o acervo de Leonardo Da Vinci serve de base para o desenvolvimento de equipamentos, paraquedas, veículos (submarino, helicóptero, etc.), sem entrar no mérito de tudo o mais que ele nos deixou.
[3] Mais sobre Albert Einstein no Capítulo “Einstein era intuitivo?”.
1.7 O QUE É INTELIGÊNCIA INTUITIVA?
A inteligência intuitiva é a forma de inteligência que utilizamos quando fazemos uso da intuição. Na prática, pode ser entendida como a manifestação inteligente da intuição.
De acordo com as fontes mais variadas, a faixa de utilização da capacidade mental do ser humano, atualmente, varia em torno dos 10%. Não é necessário muito esforço para observar que a capacidade mental é totalmente focada no desenvolvimento da razão. Também não é preciso ser um gênio para perceber que o uso da intuição pode ampliar esse alcance.
A inteligência intuitiva é uma das faculdades que influem no desenvolvimento da nossa capacidade mental, intelectual e espiritual, a qual agrega a perspectiva intuitiva. Caracteriza-se como um atributo pessoal a ser trabalhado e desenvolvido, podendo ajudar a expandir, não só nossa inteligência, mas também a nossa consciência.
Há um conjunto de fatores que influencia nossa maneira de “acessar” o conhecimento e o saber. Esses fatores influenciam e moldam as atitudes que refletem nossa inteligência – nossa maneira de pensar e entender, ver e refletir, agir e escolher, decidir e apreciar, solucionar problemas (ou nos levar para além deles), raciocinar e intuir.
O conhecimento e o saber se sustentam em informações e registros, que tanto podem estar internalizados quanto residir em fontes externas. Tanto a intuição quanto a razão são instrumentos que nos possibilitam acesso, mas de maneira distinta e em amplitudes diferenciadas. A razão dentro do escopo dos registros e informações que estão armazenadas em fontes declaradamente conhecidas, cujo acesso é possível usando-se instrumentos sob nossa governança, enquanto a intuição junto a fontes que podem ser conhecidas ou não.
A inteligência intuitiva é um dos reflexos de inteligência à nossa disposição e deve ser agregada às múltiplas formas de inteligências abordadas em vários estudos sobre o tema. O fato é que temos nosso histórico de registros advindos de experiências e aprendizagens que transcendem os níveis da inteligência racional. Não apenas a inteligência intuitiva, mas o conjunto de reflexos de inteligências que possuímos afetam não apenas nossa maneira de acessar o conhecimento, como também nossa maneira de processá-lo internamente; o suficiente para influenciar nossa maneira de viver e de ser.
1.8 COMO O SABER INTUITIVO SE MANIFESTA?
Uma das maneiras mais comuns do saber intuitivo se manifestar é nos fazendo convites. Muitos desses convites são para não nos limitarmos ao que já estamos habituados, mas, acima de tudo, o saber intuitivo nos convida a sermos nós mesmos, espontâneos e transparentes, e não a alimentar imagens que nos afastam de quem realmente somos.
O saber intuitivo nos convida, não apenas a visitarmos o que, em algum momento de nossas vidas, aprendemos e experimentamos, lemos e escutamos; ele nos convida a ir além do que está em nossa mente consciente, convida-nos, quando necessário, a fazer uso de saberes que estão em nosso inconsciente, além de captar o que está fora.
Na prática, nos convida a trazer à tona o que é bom em nós e aquilo que nos faz bem, a nos abrirmos para novos horizontes e a não nos preocuparmos em estabelecer limites para esses horizontes. Em outras palavras, a termos uma visão apreciativa daquilo que ainda não entendemos e, por vezes, abandonamos por não saber como explicá-los ou defini-los.
O que direciona os convites pode ser a necessidade, o momento de algum saber emergir ou a sintonia que é criada a partir de nossa atitude mental. Essa possível necessidade, da qual não temos consciência, o momento certo para emergir ou a sintonia que estabelecemos inconscientemente, se manifestam por meio de pensamentos, sentimentos, percepções, pressentimentos ou visões que trafegam por uma ponte que liga nosso estado mental à fonte do que vai ser intuído, que tanto pode estar em nossa própria consciência quanto no inconsciente, ou mesmo em fontes externas. No geral, assim se estabelece o ato de intuir em nossas vidas.
Temos muitos bens que integram nossa existência. Um deles, muito importante, é o conhecimento. Convido você, leitora e leitor, a refletir: de tudo que estudou e aprendeu em sua vida, do quanto se lembra e o que mantém com você, conscientemente e em termos práticos, no seu dia a dia? É interessante fazermos essa reflexão. O quanto absorvemos de tudo que nos é apresentado na vida? Esta é uma questão a considerar. Será que apenas o que mantemos em nosso nível consciente foi absorvido? Ou será que aquele conhecimento ou aprendizagem, um dia adquiridos mas “esquecidos”, podem permanecer inertes em nosso subconsciente ou no nível inconsciente, esperando o momento de ser “chamado” ou “convidado” a aflorar em nossa jornada de vida?
No nível da consciência, raríssimos se lembram de tudo aquilo viveram ou estudaram, leram ou escutaram. Pode-se questionar se há até mesmo uma única pessoa capaz disso; provavelmente não.
Normalmente, a pessoa tem consciência de uma parte ínfima daquilo que um dia conheceu, estudou ou teve contato. Assim como deixamos muito do que recebemos para trás, praticamente esquecendo daquilo que um dia nos foi apresentado, do mesmo modo há aspectos sutis importantes que são ignorados no dia a dia em meio à correria e a tantas informações. Mas ter esquecido ou ignorar não implica na sua não existência.
Possibilitar o acesso àquilo que necessitamos, sejam saberes ou ideias, sentimentos ou pensamentos, seja por meio de imagens ou mensagens, é uma das funções da intuição. Nosso papel é nos mantermos em condições para usá-la de maneira apropriada. Para tanto, neste livro, muitas vezes será ressaltada a importância de elevarmos nossos níveis de consciência e experimentarmos estados mentais que nos conectem a níveis elevados de energia. De acordo com os estados mentais que experimentamos internamente, serão as intuições que receberemos. Daí a importância da meditação, da oração, dos bons pensamentos, das boas leituras, da apreciação da natureza e das belezas sutis que nos cercam sempre e, também, da atenção com “o quê” estamos direcionando nossas conexões no dia a dia. A partir de nosso estado mental é que as sintonias são estabelecidas e, é importante salientar, conforme nosso estado mental serão as “leituras” que faremos do que se apresenta em nossas vidas. Uma pessoa em paz interpreta um acontecimento de uma maneira, enquanto uma pessoa em estado de confusão mental fará uma leitura provavelmente equivocada daquele mesmo acontecimento. O mesmo se dará com nosso raciocínio e com nossas intuições.
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COMO SE DÁ O ACESSO DA RAZÃO E DA INTUIÇÃO ÀS INFORMAÇÕES?
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Livro “Intuição: Para Viver uma Vida Melhor”
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