A RESPONSABILIDADE DO AMOR

A RESPONSABILIDADE DO AMOR

Hoje, ‘Reflexões para a Vida‘ do site intuicao.com apresenta como tema para reflexão ‘A RESPONSABILIDADE DO AMOR ‘ sobre o qual te convidamos a refletir. Veja um pouco mais sobre o tema. Confira!

Há sutil, mas profunda diferença entre ter amor e preencher a responsabilidade do amor.
O amor verdadeiro e constante nos dá como fruto os sentimentos de cooperação e ajuda, de fraternidade e respeito e de paz e coragem que surgem naturalmente.

Escrevo este post inspirado por observações e experiências que vivenciei nas décadas de 80 e 90 quando, em algumas visitas à Índia, tive a oportunidade de conviver com os praticantes de Raja Yoga das montanhas de Madhuban1, na Índia. Eles me mostraram que a meditação  pode ser uma experiência condutora de amor.
Eles me mostraram a beleza no ato de meditar. Ato no qual há serenidade e há suavidade, há doçura e há poder interior – nascidos do amor a Deus e do amor de Deus.

Sim, há a experiência das duas formas de amor que, pode-se dizer, são sagradas e preenchedoras - o amor de Deus, sentindo e experimentando a sublime comunhão Dele nos preenchendo e, há também a experiência de expressar o amor por Deus, algo que constitui uma prova real de amadurecimento espiritual.

Aí vale mais uma ponderação. Por que isso é importante?
Porque o amor por Deus é a forma de amor que nos possibilita o resgate de nossa verdadeira identidade, possibilitando-nos a superação de grandes obstáculos e fraquezas, dentre os quais lembremos o egoísmo. Quando há amor verdadeiro por Deus, podemos dizer que O colocamos no centro de nossas vidas e, talvez, essa seja a melhor forma de reduzirmos o egoísmo, parando de nos colocar como o centro da vida e colocando nesse centro quem realmente deve ali estar – Deus.

Meditar para os raja yogues de Madhuban é banhar-se na Fonte de amor puro, é arejar a alma, é perfumá-la com a fragrância do mais puro amor.

Um convite à prática?

É interessante observar que eles dão muito valor ao estudo, do conhecimento e dos valores de Deus, mas um aspecto que vale ressaltar é o da experiência de sentir Deus por meio da meditação. Hoje, após ter tido a oportunidade de conhecer várias tradições religiosas e espirituais, penso que, independente de qual seja a religião ou crença da pessoa, sentir Deus em seu coração seja a mais sublime de todas as experiências; e a meditação pode ajudar nesse aspecto.

Um exemplo simples de meditação a experimentar:
"Visualize-se como uma pequenina estrela de luz. Sinta-se mergulhando num Oceano de amor e de luz, com o amor envolvendo, banhando e preenchendo seu ser. Sinta-se brilhando, leve e em liberdade.  Assim - como uma estrela de luz, deixe-se estar em meio sentimentos de leveza e luminosidade, resplandecendo o brilho do amor e da serenidade que experimenta internamente.

Sentir-se na companhia da fonte do amor é uma experiência sem paralelo. Transbordar tal sentimento é o mínimo que vai ser experimentado.

O amor é uma propriedade do ser. Assim como os elementos químicos têm suas propriedades que a eles pertencem e a eles caracterizam; a alma humana tem suas propriedades originais e naturais, e o amor, sem dúvidas é uma destas propriedades.

O ouro é um elemento químico que tem suas características e tem seu número atômico, etc, mas quando misturado com outras ligas, ele tem seu valor diminuído, mas o ouro continua a ser ouro, o que muda é que ligas foram misturadas.
Do mesmo modo, quando a alma humana começa a permitir misturas em suas propriedades originais o que ocorre é a auto-desvalorização, a falta de amor próprio, etc.

Mas que misturas são estas que conseguem descaracterizar até mesmo o amor?
Talvez um dos intrusos mais sutis a se comentar seja o “apego” – seja a bens materiais. a ideias ou mesmo a pessoas. O amor ensina o desapego, ensinando a pessoa a usufruir, a conviver e a respeitar.

Alguém poderia perguntar: mas o amor já não nasce pronto?
Aí vale uma outra pergunta:
Seria o amor um sentimento que pode ser desenvolvido?
Certamente é possível desenvolver o amor. O relacionamento nos ajuda a desenvolvê-lo. Um destes relacionamentos é do ser com Deus.

Na aprendizagem do amor aprende-se a arte do equilíbrio.
Sempre deve-se manter o equilíbrio.
No dia a dia, quando se fala em equilíbrio pensa-se em algo positivo e algo negativo, mas na condução do amor em nossas vidas aprende-se que o equilíbrio se manifesta entre os positivos.
Se há humildade, deve haver a autoridade; se há maturidade deve haver também jovialidade, e assim segue; tendo sempre o amor como condutor de nossas atitudes.

Quando o amor está presente, o presente torna-se satisfação.
Na relação com Deus, aprendi que existe o memorial de Deus como o grande doador – Mahadani, em hindi; ao mesmo tempo, há a lembrança de que todos habitamos o mesmo planeta e de que há uma interrelação sempre acontecendo, como uma rede cósmica a que todos, de alguma maneira, estamos conectado.
Esta percepção nos remete ao sentimento de preenchimento, quando entendemos e aceitamos que o amor é um dos principais combustíveis que alimenta esta rede cósmica – tendo a lembrança de Deus e a prática do bem dentre as principais formas de fornecimento do combustível-amor.

Em relação ao amor deve existir o desapego, ou seja, o desprendimento.
Se você quer receber respeito então dê respeito, ou seja, respeite.
Se você quer ser amado, então seja um ‘pequeno mahadani’, ou seja um ‘pequeno doador de amor’.
Como fazer isso?
Compartilhando amor através dos olhos, do falar, do ouvir, do pensar, do sentir, etc.
Ao não ser entendido ou, até mesmo difamado, deixe o amor fluir, sorrindo com o coração e estendendo a mão da cooperação e da compreensão; ao ser elogiado, também deixe apenas fluir amor em seus sentimentos; procurando não reter sentimentos egoístas ou fúteis nem por frações de segundo.

Lembrando um outro memorial de Deus – talvez o que mais tenha tocado e continua a tocar meu coração, seja a lembrança de Deus como Bolonath, o Senhor dos inocentes.
Quem, se não a Fonte da pureza, do amor e da sabedoria – sempre preenchido de amor, para ser lembrado como o Senhor dos inocentes?

Seja qual for a maneira de se relacionar, não podemos esquecer na relação com Deus que Ele é a Fonte do Amor, o Oceano de Amor.

Voltando para o plano do dia a dia de uma pessoa, qual seria o presente de alguém preenchido de amor, se não a felicidade?
Um presente para o coração, para a mente e para o intelecto – felicidade pura e genuína!

A relação de amor não pode excluir nada nem ninguém; assim, o amor presente deve permear a vida em todas suas dimensões – sejam elas físicas ou espirituais, filosóficas ou sociais.

É sutil perceber que duas energias motrizes fazem fluir a rede cósmica, a que estamos de um modo ou outro conectados – são a energia do amor e da paz; a partir dessas duas energias motrizes, todo um mosaico de qualidades e virtudes passa a ganhar vitalidade com o consequente enfraquecimento de diversos obstáculos que dificultam o acesso a um mundo mais harmonioso, como medo, falta de confiança, insegurança e um sem número de ramificações nascidas onde há a ausência de amor.

Ter amor pelo silêncio, ter amor pela solitude e ter amor pela meditação são sinais claros do nosso desejo de resgatarmos nossa natureza original de amor e paz.

O poder do amor e o poder da paz são poderes que podem ser resgatados. A bem pensar, eles constituem requisitos que não podem ser deixados de lado. Com eles – e só com eles, teremos o prelúdio de uma nova era da humanidade, íntegra e harmoniosa, plena e preenchida de felicidade.

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Madhuban: sede internacional da organização Brahma Kumaris, localizada na Índia.