Aqui você encontra o minilivro 1 da série ‘Ouvindo as Estrelas‘ atualizado – com Ferhélin, a personagem central lembrando Einstein, Ramanujan, Pitágoras, Tesla e outros pensadores e cientistas.
(tempo médio de leitura-13 min)
‘OUVINDO AS ESTRELAS – O INÍCIO’
INTRODUÇÃO
O que está compartilhado nos minilivros que compõem a série ‘Ouvindo as Estrelas‘ provavelmente irá te surpreender – positivamente. São estórias especiais, com cenários encantadores e encontros extraordinários que aconteceram em uma sequência que jamais poderia ser esperada pela protagonista que os viveu.
Em alguns momentos, a narrativa te inspirará, em outros te surpreenderá e em outros te convidará a considerar temas que poderão mostrar novas e interessantes perspectivas.
Acima de tudo, o que pode ser afirmado é que a riqueza do que será narrado nos minilivros transcende a forma e a qualidade de como vai ser contada.
Os minilivros têm extensão distintas. O mais longo com 70 min de leitura, o mais curto com 9 min de leitura. A extensão não é o mais importante, o que importa são as percepções e os conhecimentos, as descobertas e as aprendizagens que se espalham nas linhas e entrelinhas que descrevem cada estória e que alcançarão os corações e mentes das pessoas que acreditam no bem como o fundamento para uma vida melhor.
É isso que provavelmente te tocará; mais que a beleza, a forma ou o brilho que possam ser percebidos no decorrer dos encontros.
Porém, a realização íntima que cada leitor e leitora terá ao fim de cada minilivro aqui apresentado é que, por mais simples ou tocantes, sublimes ou valiosas que possam ter te parecido, as essências aqui desveladas sempre estiveram vivas dentro daqueles que as perceberem.
O que a jornada compartilhada nos minilivros poderá proporcionar é algo que será pessoal e único, assim como aconteceu com a própria protagonista da jornada narrada a seguir. A partir de agora esta jornada é tua também.
Sobre a personagem central
‘Ferhélin‘
Ferhélin, a personagem central dos minilivros nasceu no interior paulista, região sudeste do Brasil. É graduada em Física e especializada em Mecânica Quântica.
Desde que se formou, pouco mais de seis anos antes da publicação deste livro, tem atuado como professora e pesquisadora.
Trata-se de uma jovem mulher de olhos e cabelos castanhos que chegam aos ombros. À época dos encontros aqui narrados, estava prestes a completar 30 anos de idade.
Com 1,70m altura e peso proporcional, sempre praticou natação e gostou de caminhadas, atividades que, conforme depoimento dela, a inspiram à reflexão durante suas práticas.
A espiritualidade, desde criança, fez parte de sua vida com mãe e pais cristãos praticantes. Desde cedo, em casa, aprendeu a conviver com os temas de espiritualidade, de ciências e das artes sendo abordados e discutidos com naturalidade, nunca vendo barreiras entre eles.
Foi assim que aprendeu a respeitar e a admirar as pessoas que, independente dos caminhos religiosos, das visões científicas ou preferências artísticas que declaravam, agiam com foco no bem; conforme depoimento dela sobre ensinamentos recebido dos pais e daqueles que costumavam frequentar sua casa, ainda criança.
Foi após a publicação de um artigo em uma revista científica internacional que ela recebeu um convite para fazer uma apresentação sobre o assunto em um congresso no Canadá, o qual aceitou e – a partir da qual, os encontros aqui apresentados relatam a experiência de Ferhélin em solos canadenses.
Segue o relato do início da jornada.
A JORNADA DE FERHÉLIN – PRELÚDIO
Ferhélin havia chegado ao Canadá, no início do outono, convidada a participar de um congresso sobre Física Quântica, na capital da província de British Columbia, no lado oeste do Canadá, na bela e aconchegante cidade de Victoria, ‘a cidade das flores’, como ela gosta de destacar ao falar daquela cidade que tanto a cativou.
Sendo uma amante da Física e tendo se especializado em Mecânica Quântica, seja como aluna, como professora ou como pesquisadora sempre manteve consigo a aprendizagem de que ‘a observação e o compartilhar do conhecimento têm, ambos, sido vitais em minha vida’, como faz questão de ressaltar.
‘Observando, começamos a perceber, a respeitar e a valorizar. Compartilhando, começamos a aprender, de fato. Quando compartilhamos, começamos a perceber as sutilezas e a profundidade do que aprendemos; e mais, começamos a perceber as diferentes perspectivas com que tudo pode ser considerado.’
A seguir, relataremos a experiência de Ferhélin em solos canadenses, começando pela palestra para a qual havia sido convidada a dar.
A PALESTRA DE FERHÉLIN
Tendo sido apresentada pelo mestre de cerimonias que a convidara ao palco, Ferhélin daria início à sua participação naquele congresso.
“Bom dia a todos os presentes.
Antes de mais nada, agradeço a oportunidade de poder compartilhar alguns pensamentos e experiências aqui neste encontro tão especial. Sei que dentre os presentes há estudantes de diferentes níveis acadêmicos e pessoas de outras áreas que não as das ciências; assim, àqueles que já tem conhecimento sobre algumas das citações que usarei para ilustrar minha apresentação e que eles tão bem conhecem, peço a compreensão, pois preparei minha exposição de modo que todos, independente da área em que atuam, possam refletir sobre as informações de forma que sejam úteis a todos, independentemente de sua área e nível de escolaridade.
Muito Obrigada!”
Dito isso, Ferhélin deu início à sua fala:
‘Sempre fui muito inspirada por alguns dos grandes pensadores. Em relação a algumas das mentes mais brilhantes relacionadas às ciências, lembro-me de ser atraída, desde minha juventude, não apenas ao conhecimento científico que apresentaram ao mundo, mas, em especial, ao modo como alguns deles pensavam.
Adorava entrar numa livraria e bisbilhotar ideias contidas nos livros – não apenas os relacionados às ciências. Sentia que cada livro funcionava como um portal, o qual poderia me conduzir por horizontes os mais extraordinários possíveis. Deixava-me ser atraída por algum dos livros das prateleiras e, quando sentia que me dizia algo, lá ficava olhando o índice e folheando o livro. Foi assim que muitos livros chegaram ao meu conhecimento ainda na minha adolescência. Fazia isso também em bibliotecas, mas lembro-me do sentimento que tinha quando entrava em livrarias – possuíam um magnetismo especial que me encantavam. A maioria daqueles livros que folheei eu nunca os li; alguns eu li parcialmente, mas quando algo muito especial me tocava, procurava comprá-lo e lê-lo. Agradeço aos meus pais por me possibilitarem tal chance.
Einstein
De alguns dos livros lidos naquele período, lembro-me até hoje. Um deles foi o livro Evolução da Física[1], de autoria de Einstein e Leopold Infeld. No livro, eles procuraram divulgar a teoria da relatividade. Lembro bem que, então, não consegui entender o conteúdo, mas o fato é que aquele livro me despertou a vontade de saber mais sobre a vida e os pensamentos de Einstein. E, até hoje muitas de suas ideias continuam a visitar minha mente e me inspiram a ir um pouco além do que eu seria capaz de alcançar por mim mesma.
Einstein nos trouxe conceitos que hoje são aceitos, mas à sua época provocaram muitas controvérsias. Um deles foi o conceito de espaço-tempo que na prática estabelecia a aceitação de uma nova dimensão.
Ele nos mostrou que a energia e a matéria se interrelacionam e mais, transformam-se uma na outra e apresentou esse conceito por meio da mais célebre equação científica da história, E=mc2.
Além dos conceitos científicos ele nos brindou com vários insights que valem profunda reflexão de nossa parte.
– ‘A imaginação é mais importante que o conhecimento.’
– ‘O homem erudito é um descobridor de fatos que já existem – mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir.’
– ‘A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos.’
Essas são apenas algumas das muitas reflexões trazidas por ele, as quais transcendem à ciência e, penso, são muito ricas e valem nossa consideração.
Ramanujan[2]
Outro cientista que me chamou a atenção foi Ramanujan. Cheguei a ele por meio de um dos livros que descobri certo dia da juventude quando alguns pensamentos de um livro de Bertrand Russel[3] me atraíram.
Pesquisando sobre Russel na época – e lembro que então não existia internet ou Google, etc., acabei sabendo sobre G. S. Hardy[4] e que ambos eram professores de Cambridge e acabei por saber um pouco sobre Ramanujan, que é outro dos cientistas que visitaram minha juventude e que muito me inspiram até hoje.
Um dos flashes que ajudaram a trazer luz à minha busca pessoal de vida veio de uma frase dita por Ramanujan a Hardy:
“Uma equação não significa nada para mim a menos que expresse um pensamento de Deus.”
Essa afirmação, vindo de um dos maiores gênios que a matemática nos apresentou, ajudou-me a abrir minha mente e minha forma de pensar.
Pitágoras[5]
Outro expoente da sabedoria humana que me inspirou a adentrar o interesse pelo campo científico foi Pitágoras. Lembro-me bem que, ainda no colégio, ao ser ensinada sobre o teorema de Pitágoras, fui à biblioteca para saber um pouco sobre ele. Lembro-me de ter ficado muito entusiasmada ao descobrir tantas coisas interessantes sobre ele. Acho que ‘cansei’ meus pais e minhas amigas por semanas falando sobre ele.
Uma das coisas mais interessantes que descobri foi que Pitágoras havia fundado uma comunidade de caráter mítico-filosófico em Crotona, hoje denominada ‘Escola pitagórica’ na qual Pitágoras, além de difundir e inspirar a profunda intimidade com os números e a estrutura matemática, ensinava que todos os seres eram semelhantes entre si e que compartilhavam a mesma origem divina.
Saber como um gênio da matemática navegava em ambos os universos: das ciências e da espiritualidade muito me impressionou na época.
Leibniz[6]
Mais à frente no tempo, no primeiro ano de faculdade, aprendendo sobre os fundamentos do cálculo, ao ser apresentada aos conceitos de derivadas e integral, fui atraída a pesquisar um pouco sobre Leibniz e saber que ele, além de brilhante matemático foi um grande pensador, que nos brindou com alguns ‘convites’ a reflexões que me inspiram até hoje.
Ele, que usou a razão de forma brilhante, dizia que entendia por razão, não a faculdade de raciocinar; que esta podia ser bem ou mal utilizada, mas que a razão devia ser enxergada como ‘o encadeamento das verdades que só pode produzir verdades, e uma verdade não pode ser contrária a outra.’
Na época, uma das frases a ele atribuídas, que ‘mais importante que as invenções é como foram inventadas’, influenciou, em muito a minha forma de aprender e de me interessar pelo conhecimento. De alguma forma, sempre estive em sintonia com essa frase.
Lembro-me de ficar imaginando o que Thomas Edison[7] estava pensando quando no seu laboratório em Menlo Park; o que o havia inspirado antes de inventar o fonógrafo ou a câmera cinematográfica ou o mimeógrafo, ou quando concebeu a bateria de níquel-ferro, ou ainda, quantas lâmpadas haviam sido queimadas antes de ele fazer a lâmpada incandescente funcionar? Quantos tipos de materiais ele tentou usar como filamentos?
Nikola Tesla[8]
Ainda com base naquele pensamento de Leibniz, tentava imaginar como alguém seria capaz de conceber soluções como Nikola Tesla[8], um genial engenheiro elétrico, cujas soluções ainda fascinam os mais brilhantes cientistas que vieram depois dele.
Nikola Tesla, entre outras coisas, mudou o conceito de eletricidade e criou a noção de potência, estabelecendo o sistema de distribuição de energia que temos hoje, usando transformadores de alta voltagem, o que permite que a eletricidade viaje longas distâncias.
Lembro-me de uma afirmação dele, conforme um de seus biógrafos, o psicólogo, Marc Seifer, na qual disse que “não faz diferença se testo minha turbina em pensamento ou no laboratório. Quando a visualizo, eu consigo saber inclusive se ela está desequilibrada”.
Ramanujan, Einstein, Pitágoras, Leibniz, Edison, Tesla … são apenas alguns nomes que me ocorreram compartilhar aqui, mas houve vários outros que, no decorrer dos anos me inspiraram e, de alguma forma, me ensinaram a continuar a minha jornada, buscando perceber como os conhecimentos se complementam.
No fundo, aquelas buscas eram apenas prenúncios de algo que mais tarde eu começaria a assimilar – que era a busca por compreender mais profundamente o Universo e, de alguma forma, buscar entender o meu papel no mundo.
Usei a frase ‘começaria a assimilar’, pois ainda estou longe de assimilar totalmente.
Obviamente, não tenho as respostas para tais buscas, mas uma coisa a vida está me fazendo entender: é a importância de amar estudar, aprender e me fascinar tanto com a Ciência, quanto com a espiritualidade. E que ir descobrindo, aos poucos, que ambas se complementam é fascinante. Deixando muito claro para mim mesma que, de alguma forma, as duas não são excludentes entre si.
A palestra de Ferhélin ainda se prolongou por um tempo, no decorrer do qual ela falou sobre o tema do artigo que havia publicado, apresentou os resultados de sua pesquisa na universidade e, para finalizar sua apresentação, o fez convidando os presentes a refletirem a respeito de uma fala de Max Planck[9] sobre a ‘A natureza da matéria’, a qual foi feita em um discurso[10] feito por ele em Florença, Itália, em 1944. que consta do livro “Para onde está indo a ciência?”
“Como um homem que dedicou toda a sua vida à ciência, ao estudo da matéria, eu posso lhe dizer, como resultado de minha pesquisa sobre átomos: Não há tal matéria.”
“Toda a matéria se origina e existe apenas em virtude de uma força que faz a partícula de um átomo vibrar e mantém este pequeno sistema solar do átomo unido. Devemos assumir que por trás dessa força há a existência de uma consciência e de uma mente inteligente. Esta mente é a matriz de toda a matéria.”
Com essa citação Ferhélin, encerrou sua apresentação e, no dia seguinte, daria o início a uma jornada ‘extraordinária’ por um dos cenários mais magníficos de nosso planeta, as Montanhas Rochosas Canadenses – ‘incríveis e sutis, imponentes e mágicas’, de acordo com suas próprias palavras.
[1] Evolução da Física, de autoria de Einstein e Leopold Infeld: livro que explica os fundamentos essenciais da física.
[2] Srinivasa Ramanujan (1887-1920) Um indiano que merece ser conhecido, pois é uma das figuras mais interessantes da história da matemática. Para ver filme que mostra um pouco da vida dele ‘O homem que viu o infinito‘ (dublado em português), clique aqui.
[3] Bertrand Russell foi um dos importantes pensadores britânicos do século XX, Teve Influência tanto nas ciências sociais como naturais e militou também pela filosofia e pela política, onde se revelou um intenso e ardente ativista social à época.
[4] G. H. Hardy: matemático notável que foi professor da Universidade de Cambridge na mesma época de Bertrand Russell. Foi muito influente na comunidade matemática britânica do seu tempo.
[5] Pitágoras (580-497 a.C.) foi um importante matemático e filósofo grego da Antiguidade. Autor do “Teorema de Pitágoras”.
[6] Gottfried Wilhelm Leibniz: filósofo alemão e figura proeminente na história da matemática e na história da filosofia. Sua realização mais marcante na matemática relaciona-se aos conceitos de cálculo diferencial e integral. Nasceu em 1 de julho de 1646 em Leipzig, Faleceu em 14 de novembro de 1716 em Hanover.
[7] Thomas Alva Edison (1847-1931): um dos maiores inventores dos Estados Unidos. Patenteou e financiou o desenvolvimento de muitos dispositivos importantes de grande interesse industrial.
[8] Nikola Tesla: um dos maiores gênios que já pisaram em nosso planeta e que, dentre outras concepções e invenções, descobriu a corrente alternada. Nascido em 1856 em Smiljan, atual território da Croácia. Seus pais eram de etnia sérvia. Estudou engenharia elétrica na Universidade de Graz, na Áustria.
Obs. do autor: só para nos lembrarmos, a corrente alternada é gerada a partir de elementos naturais como, por exemplo: quedas d’água e vento. Tesla foi o pioneiro a conceber e a tornar realidade os benefícios advindos do fato de que ao girar um ímã ou uma bobina a corrente elétrica era gerada. Essa é a corrente que ilumina nossas casas e chega até as tomadas que alimentam os equipamentos eletrodomésticos e eletrônicos presentes nas residências e cidades de todo nosso planeta.
[9] Max Planck é considerado como um dos fundadores da mecânica quântica. Ele foi premiado com o Prêmio Nobel de Física em 1918 pelos “serviços que ele prestou para o avanço da física com sua descoberta dos quanta de energia”, conforme atesta o site do Prêmio Nobel.
[10] Texto do discurso que consta do Livro “Para onde está indo a ciência?” (livro traduzido por James Murphy)
Para a leitura do MINILIVRO 2
FERHÉLIN NO OUTONO DAS MONTANHAS ROCHOSAS
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Copyright © H. S. Silva
Série: “Ouvindo as Estrelas”
Edição original – 2004
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