Os três níveis de ação.

Os três níveis de ação.

A vida no planeta Terra é sobre agir, a cada momento. Hoje, aqui no ‘Reflexões para a Vida‘ trazemos como tema para reflexão ‘Os três níveis de ação‘ sobre o qual te convidamos a refletir. Veja um pouco mais sobre ele. Confira!

Os três níveis de ação

Os raja-yogues tem uma interessante visão do mundo da ação. Basicamente consideram que haja três níveis de ação:

Ação negativa (vikarma)
– ações que trazem prejuízos, às pessoas, à natureza ou aos animais.

Ação neutra (akarma)
– ações comuns e corriqueiras (cozinhar, pedalar, embarcar num avião, andar, etc.)

Ação elevada (sukarma)
– ações desempenhadas com uma consciência elevada.

A vida no planeta Terra é sobre agir, a cada momento. Temos consciência de como ações, consideradas independentes, estão, de fato interconectadas e de como elas podem abrir, facilitar ou bloquear e impedir caminhos. Sempre agimos, seja pensando, sentindo, meditando, orando, fazendo algo ou mesmo achando que não estamos fazendo ‘nada‘.

Algumas questões apresentam-se:
Como saber o melhor a fazer?
Como diminuir o número de ações negativas nas nossas vidas?
Como desempenhar o maior número de ações elevadas no dia a dia?

Existem vários exercícios que nos ajudam a responder estas questões. Mas a base para o exercício de ações elevadas dos raja-yogues de Madhuban1 é composta por quatro segmentos:

Conhecimento (Gyan),
Meditação (Yoga),
Serviço (Seva) e
Comportamento (Dharna).

Na visão yogue, é possível treinar a mente e transformar uma ação neutra ou comum em uma ação elevada e, com a prática dos segmentos mencionados, gradualmente eliminar a prática de ações negativas.

Para tanto, o intelecto deve ser fortalecido de maneira apropriada: o ‘conhecimento‘ exerce papel fundamental nesta prática; já o ‘serviço’ (relacionado a servir e produzir benefícios por meio das ações) e o ‘comportamento‘ são como o laboratório de testes de como o conhecimento está sendo aplicado na vida real, mas é o poder da ‘meditação‘ que, sutil e poderosamente sustenta sua prática.

Efetivamente, transformar uma ação neutra em uma ação elevada não parece tão complicado, mas alguns aspectos sutis devem ser considerados. Vejamos alguns exemplos: beber água, alimentar-se, falar e respirar são ações corriqueiras nas nossas vidas. Tornar tais ações, normalmente neutras e comuns, em elevadas, não significa mudar a ação em si, mas sim mudar a consciência com que as executamos.

Se bebemos água ansiosos ou com raiva, se nos alimentamos com pressa e assistindo um noticiário sobre violência, é uma coisa; já se bebemos a mesma água em paz e apreciando o ato, ou nos alimentamos com calma e mantendo a tranquilidade na mente enquanto executamos as ações de beber, comer ou enquanto falamos ou respiramos, andamos ou façamos quaisquer ações, é uma coisa completamente diferente. Ou seja, a ação até pode ser a mesma, o que muda é a consciência com que a executamos. Este é um exemplo de o ‘quê’ fazemos pode ser necessário e importante, mas é menos importante do ‘como’ fazemos.

Prestar atenção no ‘como‘ desempenhamos nossas ações faz enorme diferença, mesmo que a ação em si seja aparentemente a mesma.

E em relação ao conhecimento, qual é o entendimento?
O conhecimento tem força, mas seu poder somente se manifestará quando houver sabedoria. Valorizar o conhecimento é importante, mas nunca o desvinculando dos valores e virtudes, que são seus verdadeiros guardiões e estes são despertados e desenvolvidos por meio da prática da meditação. Sem tais guardiães, o conhecimento pode se esvair por dentre as armadilhas do ego, apego, luxúria, raiva, ganância e arrogância.

Qual o melhor exercício a ser praticado?

Há algumas práticas que são importantes no ensinamento yogue, como as citadas em relação à consciência com que desempenhamos as ações, mas dentre todas as práticas que lembro de ter aprendido no Raja Yoga, gostaria de ressaltar uma:

Praticar subir em um segundo!

Em essência, essa prática nos ensina a – de tempos em tempos, pararmos o que estivermos fazendo e experimentarmos alguns segundos de silêncio interior, elevando o nível de nossa consciência. Pode ser alguns segundos, um minuto ou pouco mais, não importa; o importante é fazê-la, com regularidade.

Dentro do que aprendi, com a aprendizagem dessa experiência, alguns passos que podem ser experimentados são: começar prestando atenção em nossa respiração, acalmando-nos internamente, experimentando um estágio mental de leveza e luz e, para aqueles com mais prática, experimentar-se – primeiramente num estado angelical (sentido seu corpo como sendo de luz) e, experimentando um estágio ainda mais sutil – sentir-se como uma estrela-centelha de luz e, ainda mais profundamente, experimentar-se como essa estrela luminosa banhando-se junto à fonte – ou seja, sentir-se como uma estrela de luz envolta em luz de paz, amor, bem-aventurança, e outras virtudes que Deus nos concede.

Esta é uma prática muito poderosa, que aprendi a valorizar e admirar vendo como era praticada com maestria e da maneira mais natural possível pelos mestres yogues nas Montanhas de Madhuban, na Índia.

Experimente o exercício de ‘subir em 1 segundo‘ antes ou em meio a uma reunião ou a uma aula ou antes de iniciar uma refeição ou antes de beber água, etc. E veja por si o resultado.

Vale experimentar!
Que seja por alguns segundos, um minuto ou pouco mais.

1- Atenção com a Respiração
(acalmando-se internamente)

2- Experimentando um estágio mental de leveza e luz
(estado angelical – sentido seu corpo como sendo leve e preenchido de luz)

3- Sentir-se como uma estrela de luz
(experimentando um estágio ainda mais sutil que o corpo de luz;
agora como uma centelha de luz)

4- Experimentar-se como essa estrela luminosa envolta em luz
(junto à fonte de paz, amor e demais virtudes que Deus nos concede)

Trazer esta prática em nosso dia a dia faz grande diferença. E mesmo que não venha a experimentar todos os ‘passos‘, a experiência que conseguir fazer – seja até mesmo no nível apenas de respirar com calma e acalmar a mente já permitirá a quem se propuser a fazer a experiência, sentir o poder transformador contido na sutileza do silêncio.

Esta simples prática nos ajuda a elevarmos nosso nível de consciência, fortalecermos o intelecto e pacificarmos a mente  e, por si, funciona como um indutor para a harmonia nas ações. Vale experimentar!