Ovo de Colombo - Perspectivas vindouras!

Ovo de Colombo - Perspectivas vindouras!

Hoje, ‘Reflexões para a Vida‘ apresenta como tema para reflexão ‘Ovo de Colombo – Perspectivas vindouras!‘ sobre o qual te convidamos a pensar. Veja um pouco mais sobre ele. Confira!

Ovo de Colombo – Perspectivas vindouras!


Será que ao escolher aceitar a supremacia do uso das lentes da economia, dos indicadores econômico-financeiros e correlatos, a sociedade humana não estaria correndo o risco de impelir a si própria uma miopia, um grau de distorção do panorama humano, distorcendo horizontes e maculando imagens que com outras lentes poderiam mostrar cenários mais amplos, com diferentes horizontes e apresentar realidades distintas das que as traduzidas quando vistas sob o prisma econômico-financeiro?

Será que ao jogar excesso de luz no prisma econômico, não há o risco de haver o ofuscamento de outras perspectivas, como as da sensibilidade,  empatia, fraternidade, por exemplo? Tal excesso não poderia acabar ofuscando soluções e escolhas outras, que nos levariam a caminhos distintos dos que os enxergados quando se utiliza o prisma econômico como a principal referência?

Tal fato,  hoje nos parece óbvio de estar acontecendo.

Seria essa referência absoluta?
Que perspectivas outras podem ser percebidas e vislumbradas quando o próprio olhar humano é esquecido de ser usado e escolhem-se lentes externas, em especial as lentes da economia, eleitas pelos gurus do momento – os economistas, e aceita pela humanidade em geral, como o “must” do momento?

Colocadas estas questões, há outro ponto a ser considerado:  não indicaria essa hiper-vinculação ao econômico-financeiro um produto, um sinal claro da gama de valores que permeiam a sociedade nesta transição de milênio?
Não seria o fato de super oxigenar a importância do aspecto econômico que alimenta e faz emergir mais e mais tais valores, cada vez mais vinculados ao materialismo e ao individualismo? Vale a reflexão.

Não representaria a escolha pelo dueto produção-consumo e pelas preocupações exacerbadas com aspectos econômico-financeiros um sensor óbvio da assimilação do materialismo como filosofia de vida pela sociedade humana neste momento?

Por que uma sociedade deve ser avaliada por sua capacidade de produção e consumo?
Por que o poder de controlar a produção e o consumo é o sensor que indica se um governo é bem sucedido ou não?
Quem criou este paradigma? A quem ele interessa?

Vale a pena pensar nestas questões?
Sob meu ponto de vista, vale a pena sim, mais do que podemos imaginar, pois são nas respostas que podem surgir soluções e caminhos diferentes dos que são apresentados quando “pensamos” sob a influência de um prisma que só é usado porque vem sendo aceito pela maioria.

Será que isto basta?
Parece óbvio que, quando analisamos algo usando um determinado conjunto de referências, as perspectivas percebidas dificilmente alcançarão um horizonte que transcenda aquelas referências.

Ao analisarmos o planeta sob o prisma de princípios e conhecimentos econômicos, conseguiríamos alcançar horizontes que existem além das molduras-limites que nos são impostas por estes mesmos princípios?
Pensando racionalmente, não! Isso parece claro. Ao colocar a lupa e amplificar uma parte de um todo, vemos o que se encontra no campo visual. Mas há mais além do que a lupa nos mostra.

O que decorre desta situação?
Vale pensar a respeito.

Como construímos uma bola de neve? Como ela aumenta de tamanho?
Não é um ovo de colombo, mas será que não estamos – como sociedade, agigantando uma bola de neve, a ponto de não termos mais controle dela?

E, mesmo para os mais céticos em relação a pensar “fora dos padrões”, custa alguma coisa, simplesmente abrir os olhos e, fazendo uso do nosso prisma básico, o olhar-humano, como seres humanos-humanizados que pensamos ser (sim, pois pode haver o estado de ser humano-autômato, em que a sensibilidade não se manifesta); será que não corremos um risco grande de estarmos ignorando possibilidades criativas e inovadoras ao simplesmente darmos ouvidos, de maneira excessiva, aos propagadores da religião-economia? Não estaria o ‘mercado’ sendo guindado ao papel de um deus, com tudo o mais orbitando em torno dele?

A imagem de um sábio me surge.
É senso comum que um sábio dificilmente seria um desperdiçador de o quer que fosse – a imagem de um sábio nos mostraria que ele é econômico por natureza, não por necessidade, mas por natureza.

Um sábio não desperdiça bens, nem palavras, nem tempo e muito menos sua vida.
Ele, também não conduz sua própria vida com excessos – nem em bens, nem em tempo, nem em palavras.

Para mim, o sábio, econômico por natureza, não desconsideraria o que representa a essência da economia – mesmo sem ser um economista, assim como não desconsideraria a essência das leis da física, mesmo sem ser um cientista, assim como respeitaria a essência das leis da vida saudável, mesmo sem ser um médico, mas, por certo, não a super-valorizaria, assim como uma das coisas que não seria possível imaginar é a de um sábio-consumista.

Um sábio não agregaria à sua visão essencial de vida
a ideia de que o ‘poder de consumir’
seja um indicador fundamental para vivermos neste planeta.

A intuição diz que ele (o sábio) não agregaria à sua visão essencial de vida no planeta – um planeta em que mais da metade de sua população vive nos níveis de pobreza ou pobreza-extrema, a ideia de que o ‘poder de consumir’, aliado ao hábito de ‘desperdiçar’ seja um indicador fundamental para vivermos neste planeta, e que a avaliação de como o ‘mercado’ está reagindo seja a referência zero, a partir da qual decisões e escolhas são assumidas.
Um sábio não o faria!
Por que devemos fazê-lo?
Devemos?

Eis a questão deixada para reflexão.