O poder do amor - prelúdio de uma nova época

O poder do amor - prelúdio de uma nova época

O poder do amor – prelúdio de uma nova época.

Prelúdio de uma nova época

Viver é uma arte.
Seria a arte do encontro?
Seria a arte de transformar ideais em realidade?

Quão belo é!
Nesta arte…
de viver,
descobre-se o apreender.
Na arte de aprender
descobre-se o amor.

Sublime, que palavra outra poderia ser usada para tal sentimento?
Seria o amor apenas sentimento?
Tal sentimento, tal virtude, tal poder!

Ao amor não se define, vive-se.

O amor, na sua mais pura concepção, manifesta-se como tal,
dando contorno à personalidade, dando forma simples àquilo que é complexo.

O amor verdadeiro descomplica, soma e liberta.
O amor ensina a arte de facilitar, tudo e para todos.
O que, se não o amor, transformaria o esforço em prazer?
É isto o que nos ensina Aquele que é o Oceano de amor,
a transformar o impossível em possível,
a experimentar o sentimento de aconchego também,
mas junto com isto, o amor deve ser preenchido de poder.
O poder do amor transforma, dá forma, dá vida.

Reflexão:

Há sutil, mas profunda diferença entre ter amor e preencher a responsabilidade do amor.
O amor verdadeiro e constante nos dá como fruto os sentimentos de cooperação e ajuda, de fraternidade e respeito e de paz e coragem que surgem naturalmente.

Tendo tido a oportunidade de ver os praticantes de Raja Yoga das montanhas de Madhuban, na Índia, eles me mostraram que a meditação  pode ser uma experiência completa, sem lacunas, e pode ser mais preenchedora e distinta daquilo que mais podemos valorizar na vida.
Eles me mostraram a beleza no ato de meditar. Ato no qual há serenidade e há suavidade, há doçura e há poder – nascidos do amor a Deus e do amor de Deus.

Sim, há a experiência das duas formas de amor que, pode-se dizer, são sagradas e preenchedoras - o amor de Deus, sentindo e experimentando a sublime comunhão Dele nos preenchendo e, há também a experiência de expressar o amor por Deus, algo que constitui uma prova real de amadurecimento espiritual.

Aí vale mais uma ponderação. Por quê?
Porque o amor por Deus é a forma de amor que nos possibilita o resgate de nossa verdadeira identidade, a superação dos maiores obstáculos e fraquezas dos seres humanos, que são o egoísmo e o orgulho. Quando há amor verdadeiro por Deus, podemos dizer que O colocamos no centro de nossas vidas e, talvez, essa seja a aniquilação do egoísmo, parando de nos colocar como o centro da vida e colocando nesse centro quem realmente deve ali estar – Deus.

Meditar para os raja yogues de Madhuban é banhar-se na Fonte de amor puro, é arejar a alma, é perfumá-la com a fragrância do mais puro amor.

Um convite à prática?

É interessante observar que eles dão muito valor ao estudo, do conhecimento e dos valores de Deus, mas um aspecto que vale ressaltar é o da experiência de sentir Deus através da meditação. Penso que, independente de qual seja a religião ou crença da pessoa, sentir Deus em seu coração é a mais sublime de todas as experiências; e a meditação pode ajudar nesse aspecto.

Um exemplo simples a experimentar:
Visualize-se como uma pequenina pérola de luz, mergulhando num Oceano de luz, onde o amor o envolve, o banha, o preenche. Sinta-se em liberdade, nada o prende, você é um ser leve, luminoso que brilha o brilho do amor, silencioso e eterno. Deixe-se estar nestes sentimentos de leveza e luminosidade.

Sentir-se na companhia da fonte do amor é uma experiência sem paralelo. Transbordar tal sentimento é o mínimo que vai ser experimentado.

O amor é uma propriedade do ser; assim como os elementos químicos têm suas propriedades que a eles pertencem e a eles caracterizam, a alma humana tem suas propriedades originais e naturais, e o amor, sem dúvidas é uma destas propriedades.
O ouro é um elemento químico, tem seu número atômico, etc, mas quando misturado com outras ligas, ele tem seu valor diminuído, mas o ouro continua a ser ouro, o que muda é que ligas foram misturadas.
Do mesmo modo, quando a alma humana começa a permitir misturas naquelas propriedades originais o que ocorre é a auto-desvalorização, a falta de amor próprio, etc.

Mas que misturas são estas que conseguem descaracterizar até mesmo o amor?
Talvez o intruso mais sutil a se comentar seja o “apego”.

Alguém poderia perguntar: mas o amor já não nasce pronto?
Aí vale uma outra pergunta:
Seria o amor um sentimento que pode ser desenvolvido?
Certamente é possível desenvolver o amor. O relacionamento nos ajuda a desenvolvê-lo. Um destes relacionamentos é do ser com Deus.

Na aprendizagem da meditação Raja Yoga aprende-se a arte do equilíbrio.
Sempre deve-se manter o equilíbrio.
No dia a dia, quando se fala em equilíbrio pensa-se em algo positivo e algo negativo. No Raja Yoga aprende-se que o equilíbrio se manifesta entre os positivos.
Se há humildade, deve haver a autoridade; se há maturidade deve haver também jovialidade, e assim segue.

Em relação ao amor deve existir o desapego, ou seja, o desprendimento.
Se você quer receber respeito então dê respeito, ou seja, respeite.
Se você quer ser amado, então seja um ‘pequeno mahadani’, ou seja um ‘pequeno doador de amor’; compartilhe amor através dos olhos, do falar, do ouvir, do pensar, do sentir, etc.
Ao ser difamado, sorria com o coração e estenda a mão da cooperação e da compreensão, ao ser elogiado também não retenha aqueles sentimentos nem por uma fração de segundo.

Quando o amor está presente, o presente torna-se satisfação.
Na relação com Deus, há o memorial de Deus como o grande doador – Mahadani, em hindi; ao mesmo tempo, há a lembrança de que todos habitamos o mesmo planeta e de que há uma interrelação sempre acontecendo, como uma rede cósmica a que todos, de alguma maneira, estamos conectado.
Esta percepção nos remete ao sentimento de preenchimento, quando entendemos e aceitamos que o amor é um dos principais combustíveis que alimenta esta rede cósmica.

Um outro memorial de Deus, talvez o que mais toque meu coração, é a lembrança de Deus como Bolonath, o Senhor dos inocentes.
Quem, se não o mais puro e íntegro, sábio e – também inocente, para ser lembrado como o Senhor dos inocentes?

Seja qual for a maneira de se relacionar, não podemos esquecer, na relação, da Fonte, como o Oceano de amor, Deus.

Voltando para o plano do dia a dia de uma pessoa, qual seria o presente de alguém preenchido de amor, se não a felicidade?
Um presente para o coração, para a mente e para o intelecto – felicidade pura e genuína!

Ter amor pelo silêncio, ter amor pela solitude, ter amor pela meditação são sinais claros do nosso desejo de resgatarmos nossa natureza original.

A relação de amor não pode excluir nada nem ninguém; assim, o amor presente deve permear a vida em todas suas dimensões – sejam elas físicas ou espirituais, filosóficas ou sociais.

É sutil perceber que duas energias motrizes fazem fluir a rede cósmica, a que estamos de um modo ou outro conectados, são a energia do amor e da paz; a partir delas, todo um mosaico de qualidades e virtudes passa a ganhar vitalidade com o consequente enfraquecimento de diversos obstáculos que dificultam o acesso a um mundo mais harmonioso, como medo, falta de confiança, insegurança e um sem número de ramificações nascidas onde há a ausência de amor.

O poder do amor e o poder da paz são poderes que podem ser resgatados. A bem pensar, eles constituem requisitos que não podem ser deixados de lado. Com eles – e só com eles, teremos o prelúdio de uma nova era da humanidade, íntegra e harmoniosa, plena e preenchida de felicidade.

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texto: herbert santos silva
site: https://intuicao.com
Imagem: Madhuban,
Madhuban: sede internacional da organização Brahma Kumaris, localizada na Índia.

Imagem Morguefile